domingo, 7 de agosto de 2011

Larissa.

Tinha essa necessidade de escrever, ainda que as mesmas coisas, ainda que tivesse desaprendido. Escrever a cura para essa dor imensa, sobre os dias cinzas, para a saudade que tinha de seus amores. Durante essas horas felizes, enquanto esses doces sorrisos memoráveis surgiam, quando amigos ali estavam. Escrevia histórias de sua vida, as histórias que nunca viveria, as histórias de outros que lhe eram contadas, histórias inventadas. Inventava o futuro, o presente, o passado. Inventava nomes, corpos, personalidades. Apaixonava-se por estes. Fotografava o calor do dia em sua singelas e repetidas palavras. Podia morrer num parágrafo, ressuscitar no próximo, e enlouquecer no terceiro. Aqueles olhos negros, estreitos e ávidos amavam aquele ir e vir que enchia de vida as folhas do seu caderno azul. 

Pequena Larissa. Doce Larissa. Larissa de cabelos negros e olhos azuis. 

Se você olhasse bem para ela, na verdade veria palavras naturalmente tatuadas por toda sua pele pálida. Era só tracejar aquelas incontáveis pintas cor de chocolate, às vezes meio rosadas, mas em maioria, marrons. Ou percorrer aqueles longos cabelos negros, ou os dedos compridos e magros. Haviam letras até naqueles lábios rosados, entre as rachaduras quase imperceptíveis que o desenhavam.

Tão linda e cheia de dor.
Tão dolorida e cheia de machucados.
Tão machucada e remendada por palavras.
Tão feliz e inconstante.

Larissa. Larissa. Larissa.

Fim.

1 comentários:

Primavera disse...

tá o nome errado ai, mas a dor é a mesma, ou talvez eu me chame larissa e nem sabia. amei o post <3